Ontem este blog se reportou ao Dia de São Francisco de Assis e como eu tivesse manifestado uma dúvida quanto ao significado da caveira aos pés de algumas esculturas em que é retratado, recebi hoje uma boa explicação.
É meu bom amigo Padre Jorge, que em férias pela Alemanha, sua terra natal, não esquece os amigos e é um leitor fiel.
Assim me explicou:
A caveira - no meu entender - significa Adão, o primeiro homem - ou mesmo a criatura perdida que precisa de salvação, para a qual o nosso Santo pelo seu exemplo de abnegação diretamente contribui.
Em geral se encontra debaixo dos pés de Jesus na cruz cujo sangue pinga e salva Adão o representante da humanidade inteira.
Bom descanso, meu amigo!
Como que para não perder a oportunidade, lembrei de uma história interessante sobre a imagem do Francisco de Porto Walter:
Pode até não ser verdade, mas quem se importa? Literatura é literatura, e por isso mesmo não precisa ser verdade. Pelo sim pelo não, prometo investigar sua veracidade ou invencionice.
Pois bem: Contam que o Zé Lopes espalhou a notícia (ou, melhor dizendo, o fuxico), que o Bianor teria ameaçado quebrar São Francisco no cacete caso os católicos naquele certo ano, insistissem em levá-lo para a capela próxima à sua casa.
Era o costume desde muitos anos. Pelo fim de setembro, invariavelmente, o padre, os paroquianos, os membros do Apostolado da Oração, da Cruzada Missionária, do ATO (Amizade, Trabalho e Oração) e do Grupo de Jovens, organizavam uma pequena procissão para transportar o Santo da igreja até a pequena capela.
Ali ficava até o dia 4, último dia do seu novenário, onde igual romaria se arrumava para devolvê-lo à igreja.
A capela era pequena mesmo. Até hoje é o meu parâmetro para diferenciar igreja de capela. Para mim, igreja é onde o fiel pode entrar e em capela só entra o santo.
Findo o novenário, no restante do ano, a capelinha ficava abandonada a um canto do caminho do “centro” que também levava ao Maloca, aos roçados e aos piques de caça.
Bianor era recém convertido a uma igreja evangélica que sob olhares de desconfiança se arranjava por ali. Não era santo, mas...
Acontece que a noticia correu no dia seguinte à procissão de abertura. Avalie o tamanho do desmantelo!
Rapidamente os homens mais fiéis e destemidos organizaram a Primeira Cruzada portuwaltense contra a violação (no caso o esfarelamento) de São Francisco. Não havia tempo a perder.
Para o tudo ou nada e até para o que desse e viesse, armados de terçados, porretes e calculo que até algum bacamarte pelo meio, partiram em direção ao “centro”.
Entre quinze a vinte homens, atravessaram a ponte do Raimundo Inácio, passaram pelo Seminário, pelo Raimundo do Deodoro, passaram a ponte do Igarapezinho, pelo Deodoro, pela boca do caminho que vai para o Pedro Chico, e subiram a ladeira do Bianor.
Pelo Bianor, passaram falando mais alto, quase gritando, para que ouvisse, visse e temesse. Para que tivesse a noção do imprensado em que estava se metendo. Bianor, se estava em casa, não se viu.
E, como talvez a história fosse invenção maldosa, São Francisco estava intacto, silencioso e contrito dentro de sua capela.
Tendo encontrado o santo em paz, e como todos estivessem armados de terçados, resolveram aproveitar para limpar a área em volta da capela.
E o Bianor? Não era santo, mas...